COLEÇÃO DE CUBOS EMPLUMADOS
COLLECTION OF FEATHERED CUBES
" São desenhos que eu deixo a mão fazer... enquanto penso em outras coisas, enquanto falo ao telefone, enquanto não penso em nada, enquanto sinto. Nascem dos fluidos das canetas e do carbono dos lápis sobreas bordas dos papéis onde escrevo, sobre notas fiscais, sobre textos, listas e livros, sobre a pele de amigos – superfícies de pouso onde danço com a mão sem prestar atenção. O nome ”emplumado” peguei emprestado das antigas divindades mesoamericanas – serpentes aladas que vi desenhadas em ruínas, no México. Meu botão de traçado automático empluma as coisas que desenha... e desenha cubos – atendendo talvez aos pedidos em meu interior por vôos e base. Faço cubos divindades – tentativas de ascensão da energia do chão. Blocos incolores, ensaiando a construção de uma civilização pessoal e translúcida – fluida como a água, curativa como o quartzo, transparente como o vidro. Faço cubos em ouro-amigo – luz condensada aterrissando... e chegando às mãos dos homens em missão de paz. Cubos naves espaciais – naves-mães chocando ninhos... quentinhos. Universos dando a luz a caixas de presente... transparentes. Incubadoras de cores vivas para a Mãe Terra. Caudas abertas em leque e olhos abertos em penas. Misteriosa corte de pavões e geometrias não-sagradas. Antenas emplumando cabeças como coroas. Cubos emplumados... chegando às dezenas... centenas... Passando em revoada pelas roupas penduradas. Desejando habitar a pele dos objetos do dia-a-dia, para assim poderem um dia conviver com as pessoas...cochichar coisas em seus ouvidos, recostar em ombros amigos, ajudando a carregar seus pesos. Sonhando usar o centro pulsante de algum peito como pista de pouso... ou abastecimento. Ilustrando livros feitos de um papel viçoso. Buscando abrir paredes deste mundo novo a uma outra dimensão. Por gratidão. "